quarta-feira, 9 de junho de 2010

Para lá dos ralhetes moralistas...

de João Rodrigues, reproduzimos aqui um post do blog Ladrão de Bicicletas, que recomendamos

“A minha análise é que a origem da crise não tem nada a ver com dívida pública, mas com a acumulação de dívida privada (…) A pressão dos mercados e da Alemanha é muito perversa. Estes países estão sob pressão para reduzir a dívida pública demasiado depressa e o resultado é que transferem, de novo, o problema do sector público para o privado, como se fosse uma batata quente. Ou seja: a explosão da dívida privada foi durante a crise transferida para os governos. Agora, os governos são pressionados pelos mercados a fazer o contrário. Isto é um grande problema que poderá levar a uma recessão (...) que tornará ainda mais difícil a redução da dívida (…) Certamente não o que estão a fazer agora, que é o que a Alemanha quer, ou seja, equilibrar os orçamentos. É uma ideia parva. O que precisam é de fazer alguma coisa em conjunto para eliminar os desequilíbrios da zona euro, e isso significa que a Alemanha terá de assumir também as suas responsabilidades. A Alemanha poderia fazer hoje alguma coisa para estimular a economia. Porque se Portugal, Espanha, Grécia ou Irlanda têm défices na balança de transacções correntes, isso também acontece porque a Alemanha tem excedentes na sua. E não se pode dizer que o primeiro grupo é mau e o segundo bom, porque não é assim que as coisas funcionam.”Excertos de uma entrevista ao economista Paul De Grauwe. Vale a pena ler: mais um marciano que prefere fazer análises a mandar ralhetes moralistas à nação, especialidade dos economistas do plano inclinado. O Daniel Oliveira já disse tudo o que havia para dizer sobre estes hábitos intelectuais nacionais com difusão televisiva. Enfim, discordo de De Grauwe num ponto: a necessidade de reduzir salários em Portugal e nas periferias endividadas como forma de ajudar a resolver os desequilíbrios estruturais europeus. O problema em Portugal, como o Nuno Teles já argumentou, não é salarial: a evolução dos salários reais tem estado alinhada com a evolução da produtividade, mas as desigualdades salariais são abissais num país onde cerca de 40% dos trabalhadores ganha 600 euros líquidos ou menos por mês. O problema principal, como este estudo indica, é a contenção salarial que os trabalhadores alemães suportam há muito anos e que tem impactos negativos à escala europeia. Aliás, a pergunta da jornalista revela que interpretou mal a análise de Krugman: a prescrição de um corte salarial de 30% nas periferias destinava-se a revelar a natureza utópica de um projecto de integração económica que tem nos salários a sua única variável de ajustamento. Já escrevemos em vários sítios sobre os problemas dos salários e da construção neoliberal europeia(ver aqui, aqui, aqui, aqui ou aqui). Que fazer? Talvez por aqui, aqui, aqui ou aqui.

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Mudar de políticas? Depende de nós! - Rede de auto-ajuda política

A NOVA ESQUERDA - Movimento para uma Nova Sociedade quer corresponder às necessidades políticas do país e, ao mesmo tempo, ultrapassar as necessidades políticas do país. Isso não se fará de imediato nem através de um golpe de génio. Far-se-á pelo respeito que possamos promover por nós próprios e por aqueles que se disponham a trabalhar connosco.

Não vamos alimentar discussões estéreis e rivalidades pessoais. Vamos, isso sim, recrutar grupos de pessoas que se interessam pela política para que, juntas, possam desenvolver um espaço de criação e afirmação de ideais e de actividades políticas a propor ao país.

A organização descentralizada faz-se por núcleos NE-MNS, que têm um nome - por exemplo, “prisões sem guardas” (que é uma coisa que já existe noutros países) – um responsável para contactos de outros núcleos, da Comissão Directiva ou de outras entidades, e preferencialmente um blog ou outro modo de se dar ao diálogo e a conhecer a quem esteja interessado no assunto.

A NE-MNS dispõe deste blog para servir de plataforma de inter-conhecimento sobre os núcleos, onde estarão listados os núcleos existentes, com os nomes dos respectivos responsáveis (e contactos; caso o desejem) e uma ligação ao espaço próprio onde divulgam as suas discussões e actividades.

Para este blog devem os núcleos canalizar as suas propostas de acção (abaixo-assinado, refeição convívio, manifestação, tomada de posição, etc.) ou as suas actividades de debate. Da solidariedade dos núcleos uns com os outros dependerá o potencial de sucesso das iniciativas de todos e de cada um.

Mas o blog é, de igual modo, espaço para a livre expressão de opiniões e perspectivas pessoais, de contributos necessários à construção e afirmação de uma NOVA ESQUERDA e de novas práticas políticas.

Vamos dar expressão aos nossos desejos, porque ninguém o fará por nós!

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